Quem andava pelas ruas de Teresina ou de qualquer cidade do Piauí, há poucos anos, notava uma certa tranquilidade e segurança no ar. Era possível pegar ônibus e até fazer caminhadas à noite sem o receio de um assalto. Agora, quem caminha nas ruas da capital, em qualquer horário, anda com a certeza de que será vítima iminente de um assalto ou até mesmo de um assassinato. As ruas da cidade não são mais como eram antigamente.
O deputado federal Fábio Abreu foi o Secretário de Segurança Pública do Piauí entre os anos 2015 a 2020 – atualmente, ele deixou a secretaria para concorrer à Prefeitura de Teresina. Abreu costuma falar, em suas entrevistas, que os crimes no Piauí estão caindo. Não há motivo para comemorar. Como mostramos nos gráficos a seguir, diversos crimes como mortes violentas intencionais, estupros, roubos de carro e feminicídios tiveram aumento vertiginoso desde o início da gestão de Abreu. Confira:
Os índices de criminalidade pioram desde o início da gestão de Fábio Abreu, em 2015

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública
Fábio Abreu inaugurou sua gestão na Segurança Pública, entre os anos de 2015 e 2016, com um aumento de 4,3% nos índices de mortes violentas intencionais no Piauí. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Já nos anos seguintes, podemos observar uma explosão no número de roubo e furto de veículos que, entre os anos de 2017 e 2018, aumentou 19%. Saltando de 5.677 ocorrências em 2017 para 7.098 em 2018.
Há suspeitas que quadrilhas especializadas em roubos de carro se instalaram no Piauí há alguns anos devido à inércia do Estado em reprimir tais práticas.
Teresina: uma das capitais mais perigosas do mundo
A ONG Mexicana Segurança, Justiça e Paz classifica há vários anos a capital Teresina como uma das capitais mais perigosas do mundo. Essa é uma das pesquisas que Fábio Abreu mais tenta esconder, já que não passa pelas estatísticas maquiadas da Secretaria de Segurança Pública. A capital piauiense possui uma taxa de 37,05 homicídios para cada 100 mil pessoas, o que equivale a 315 mortes (homicídios e latrocínios), em 2017. A taxa de homicídio por 100 mil habitantes, em 2016, foi de 42,84.
No interior, os índices são ainda piores
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, o número de municípios que registraram Mortes Violentas Intencionais (MVIS) aumentou de 112 para 121. O interior, que antes era local de tranquilidade e sossego para fugir da violência da capital, agora é tomado por criminosos totalmente fora de controle da Segurança do Piauí.
Também no interior, o aumento das Mortes Violências Intencionais (MVIS) foi de 16,3% quando comparados os anos de 2015 e 2019. No ano passado foram contabilizados 348 MVIS, contra os 291 registrados em 2015.
Os estupros aumentaram entre 2015 e 2018

Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública
De acordo com tabela do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o crime de estupro teve aumento 539 casos em 2015 para 751, em 2018.
O crime também pode estar ligado a outra bandeira do Secretário de Segurança: as políticas sobre violência contra a mulher. Infelizmente, apesar das tentativas de Fábio Abreu em afirmar que houve melhoria, uma análise dos casos de feminicídio mostram que houve pioras drásticas. Como você pode conferir na tabela abaixo:
Casos de feminicídio aumentaram 35% no interior e não tiveram melhorias na capital (2015-2019)
O gráfico acima foi utilizado por Abreu para afirmar que houve redução de 44% no número de feminicídios na capital teresinense, comparando os 9 casos de 2018 com os 5 em 2019. Mas é preciso analisar desde 2016 em que houve 6 casos e que, desde então, os casos foram aumentando consideravelmente, ano após ano. Já no interior, essa maquiagem nos números não foi possível: o aumento de 35% revela como as políticas de segurança para as mulheres ainda são atrasadas e ineficientes.
Os motivos para os péssimos índices
Um dos motivos que explicam os péssimos índices da violência no Piauí é o baixo investimento realizado. O Piauí foi o estado que menos investiu em Segurança Pública no Brasil, sendo destinados apenas R$ 228 por habitante na área da segurança. Para efeitos de comparação, o Acre – estado que mais investiu – gastou R$ 674,08 por habitante.
Ações midiáticas e irrelevantes, como pisar no pescoço de um adolescente já mobilizado por outros policiais (veja imagem ao lado), revelam que Fábio Abreu se preocupa mais com a aparência de estar fazendo algo do que com medidas realmente eficazes no combate a criminalidade.
Outro fator que afeta a eficiência da Secretaria de Segurança é o uso das delegacias para casos pessoais. Um caso notório foi a utilização da Delegacia do Crime Organizado (GRECO) para investigar, intimidar e processar o jornalista Petrus Evelyn (clique aqui e leia a matéria completa), do O Piauiense. O uso indevido de delegacias especializadas, do aparato e dos recursos públicos para a Segurança desvirtuam e tiram o foco de investigações sérias. Enquanto a delegacia deveria estar focada em grandes quadrilhas, ela precisa ter a indignidade de atender a pedidos pessoais do secretário Fábio Abreu.
O que deveria ter sido feito para diminuir a criminalidade
Como deputado federal, Fábio Abreu não tem uma única lei para garantir a punição eficiente de criminosos no Brasil ou para facilitar o porte de armas para a população – as duas medidas que, efetivamente, ajudariam a população, garantindo uma reação imediata das pessoas no momento de um crime e uma punição dura na Justiça para quem ousasse cometer crimes. Como Secretário de Segurança, as ações do Secretário deveriam intensificar o policiamento de regiões perigosas e atacar quadrilhas que estão se mudando para o Piauí por conta da insegurança entre elas as quadrilhas especializadas em roubos de carros. Infelizmente, pouco está sendo feito.
Prefeito Fábio Abreu
Fábio Abreu agora quer levar toda a eficiência da Secretaria de Segurança Pública para a Prefeitura de Teresina. Com índices tão desanimadores que, literalmente, estão assassinando a população piauiense, fica a pergunta: como ficaria Teresina sob o comando do secretário?
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