A Câmara de Vereadores de Teresina possui, provavelmente, o metro quadrado mais improdutivo do Piauí. Recheada de títulos honoríficos, instituição de dias municipais de várias profissões e pedidos de sessões solenes sem a menor relevância, os vereadores da capital passam meses e anos gastando milhões de reais dos cofres públicos com projetos totalmente idiotas e sem sentido.
Em 2018, fizemos a lista das 7 leis mais idiotas de Teresina. Como estamos em ano eleitoral e esses mesmos vereadores vão pedir o nosso voto, sentimos a necessidade de atualizar as leis idiotas na versão 2019 e 2020. É claro que há muito mais, mas só tivemos estômago para escrever sete. Confira a lista abaixo:
Institui o Dia Municipal da Gratidão e Dia Municipal do Perdão (PL 70/2019 Autora: Pollyanna Rocha e PL 136/2019 Autor: Neto do Angelim)
Os dias municipais são das maiores irrelevâncias que a Câmara produz mês após mês. Criaram o dia do fotocopiador, dia do porteiro. O objetivo é tentar ganhar votos das classes trabalhistas. Mas o Dia da Gratidão ganha um lugar especial na desimportância e é mais um gasto público com uma data que não fará diferença para os teresinenses. O Dia do Perdão é tão inútil quanto.
Proíbe o uso de celulares por alunos do ensino fundamental na rede pública e privada de ensino (PL 20/2020 Autor: Nilson Cavalcante)
Se existe algo que os vereadores gostam de fazer é a intromissão na vida privada das pessoas. Essa é mais uma lei que invade a privacidade da população e também do professor, tirando a autoridade do mesmo em controlar seus alunos. Não é da competência de um vereador determinar o que os alunos podem fazer em sala de aula.
Obriga os cinemas a passarem vídeos antidrogas antes das sessões (PL 66/2020 Autor: Dudu)
O vereador Dudu adora encher o saco dos cinéfilos. Na primeira versão das 7 leis mais idiotas, ele tentou impor vídeos turísticos antes das sessões. Agora quer empurrar vídeos antidrogas. Dudu deve odiar cinemas, pois se há algo chato antes de um filme é ter que perder tempo assistindo vídeos institucionais. A lei também é mais uma tentativa de intromissão em empresas privadas.
Concessão de meia-entrada para guardas municipais em eventos culturais (PL 465/2020 Autora: Teresinha Medeiros)
Meia-entrada não é de graça. Nos ônibus, a meia-passagem dos estudantes é paga, pela Prefeitura, assim como a meia-entrada no cinema. Todos estão pagando. Não há motivo algum para os guardas municipais terem esse benefício, aumentando os gastos do município em detrimento de uma classe profissional como qualquer outra.
Cria a campanha para uso moderado de eletrônicos por crianças (PL 16/2020 Autora: Cida Santiago)
Todo autoritarismo acontece através de boas intenções. É muito bonitinho que vereadores estejam preocupados com o uso excessivo de eletrônicos por crianças, mas é abusivo querer controlar a criação que os pais dão para seus filhos. Cada um é livre para criar seus filhos como quiser – se não há violência ou abuso físico e psicológico, os pais têm todo o direito de determinar, por conta própria, como os filhos são educados e o quanto eles usam de eletrônicos.
Obriga a existência de assentos especiais para pessoas obesas em restaurantes (PL 257/2019 Autor: Stanley Freire)
Além de tentarem invadir o comportamento das pessoas, os vereadores são viciados em invadir empresas privadas e suas competências. A criação de assentos especiais, além de estereotipar as pessoas obesas, trata-as como se elas tivessem algum tipo de necessidade especial que precisa da tutela do Estado.
Moção contra a tentativa de privatizar os Correios (REQUERIMENTO 1793/2019 Autor: Neto do Angelim)
Não é uma lei, mas um requerimento – outra grande perda de tempo e de recursos da Câmara. Aqui, cabe a pergunta: o que os vereadores de Teresina tem a ver com a privatização de uma empresa nacional? Nada. Em vez de focar em suas competências, eles querem controlar a população, querem determinar o que você assiste, querem controlar o que seus filhos fazem e ainda querem dar a opinião sobre questões de esfera federal, pelo qual eles não tem nenhuma autoridade.
Haja incompetência!
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Concordo com as suas observações, mas, creio que a irrelevância da Câmara Municipal de Teresina seja consequência do próprio modelo de governo vigente no país. Claro que essa irrelevância programada, digamos assim, é agravada pelo espírito de servilismo dos nossos representantes municipais.